quarta-feira, 27 de julho de 2016

“Selfies”, narcisismo e amor verdadeiro de si mesmo

“Selfies”, narcisismo e amor verdadeiro de si mesmo

Em qualquer situação, certas pessoas se fotografam para depois postar nas redes sociais para que os outros vejam que elas estiveram em tal evento ou em tal restaurante, por exemplo. Deixam até mesmo de aproveitar daquele momento, às vezes único, para ter o “prazer” de se fotografar. O importante é que os outros vejam o que elas estão fazendo e como elas se sentem felizes com isto. Neste sentido, as “selfies” mais facilmente podem deslizar para um exagero do ego do que as simples fotografias.
Com a advento do “smartphone” e a facilidade para fazer fotografias, apareceu o costume das pessoas se auto-fotografarem – em linguagem moderna, “selfie” – e colocar nas redes sociais a própria imagem. Tal costume, se não se toma cuidado, pode chegar a assemelhar-se ao narcisismo.
Obama fazendo "selfie"
Narciso, personagem da literatura grega, era um jovem que admirava a própria imagem refletida nas águas de um rio e acabou por apaixonar por sua própria pessoa. Essa paixão chegou a tal ponto que o levou ao suicídio, atirando-se no rio onde via a sua imagem refletida. Por isso, em nossos dias costuma-se classificar como narcisista a pessoa que se fixa exageradamente na própria imagem refletida no espelho, admirando o próprio físico ou a própria beleza.
O narcisismo tem sido um problema de ordem psiquiátrica e tem levado os psiquiatras a diversos estudos sobre a sua causa.
O narcisista ainda que aparente possuir uma vida perfeita, vive com uma grande solidão e amargura dentro dele. A vida fictícia que criou para os outros julgarem que ele é o melhor, faz com que a pessoa egocêntrica tenha uma grande necessidade de se refugiar e fechar em si mesma pois ‘sabe’, no seu inconsciente, que tudo aquilo não é tão verdadeiro assim. O final desta postura de vida, caso se continue com esta atitude, é o caminho escuro e sombrio da solidão.”  [1]
Do ponto de vista moral, narcisismo é propriamente um problema de alma, pois, como ensina Santo Agostinho,  “muita gente se perde porque se ama mal“.  O verdadeiro amor a nós mesmos consiste na preservação de nossa vida moral, porque fomos criados à imagem e semelhança de Deus. O amor de si mesmo só é legítimo quando tem por fim o amor de Deus. Devemos preservar de todo mal essa imagem criada de Deus que somos nós. As “selfies”, no limite, podem chegar a ser uma forma de narcisismo e de amor próprio delirante.
Em qualquer situação, certas pessoas se fotografam para depois postar nas redes sociais para que os outros vejam que elas estiveram em tal evento ou em tal restaurante, por exemplo. Deixam até mesmo de aproveitar daquele momento, às vezes único, para ter o “prazer” de se fotografar. O importante é que os outros vejam o que elas estão fazendo e como elas se sentem felizes com isto. Neste sentido, as “selfies” mais facilmente podem deslizar para um exagero do ego do que as simples fotografias.
Nas redes sociais aparecem “selfies” de pessoas nas situações mais inimagináveis ou mesmo fazendo-se fotografar com o Papa. Nesse caso, o importante não é o Papa, mas que os outros vejam que elas estiveram com um personagem importante e que, por isso, elas são importantes também. Elas querem apenas se afirmar diante das pessoas que verão nas redes sociais aquela fotografia.
Santo Tomás de Aquino diz que: “Nem todos os homens pensam ser o que eles são, pois o principal no homem é a alma racional e o que é secundário é a natureza sensível e corporal: a primeira é chamada pelo Apóstolo de ‘homem interior’, e a segunda de ‘homem exterior’ (cf. 2 Cor 4, 16). Os bons apreciam em si mesmos, como principal, a natureza racional, ou o homem interior, e por isso consideram-se como sendo o que são. Mas os maus creem que o principal neles é a natureza sensível e corporal, ou o homem exterior. Por essa razão, não se conhecendo bem a si mesmos, eles não se amam verdadeiramente, mas amam somente o que julgam ser. Ao contrário, os bons, conhecendo-se verdadeiramente a si mesmos, amam-se de verdade.” [2]
Referências:
2 – Suma Teológica, II-II, q. 25, a. 7

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