quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Antônio Conselheiro e o MST

Lendo os manuscritos de Antônio Conselheiro, observamos que ele condena as invasões de propriedades, ao contrário do que dizem os esquerdistas.

Pesquisando na internet sobre Antônio Conselheiro, codinome de Antônio Vicente Mendes Maciel, e sobre a Guerra de Canudos, encontramos informações falsas dizendo que Antônio Conselheiro foi um dos percussores no Brasil das ideias do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), movimento esse que faz invasões de terra e defende a Reforma Agrária socialista e confiscatória em terras de fazendeiros.
No site oficial do MST, há um artigo sobre a causa dos fracassos das leis sobre a reforma agrária [1]. O autor tenta mostrar uma ligação de Antônio Conselheiro e Canudos com o MST, a reforma agrária e as invasões de terras. Mas será realmente que Antônio Conselheiro e Canudos têm alguma ligação com o MST, com as invasões de terras e com a Reforma Agrária por eles defendida?
Pelo contrário, Antônio Conselheiro, em seus sermões, condena as pessoas que invadem as fazendas de seus legítimos proprietários e que tal atitude vai contra o 7º e o 10º mandamentos da lei de Deus, como veremos logo adiante.
O autor do artigo coloca Antônio Conselheiro como invasor de uma fazenda e que a guerra de Canudos teria sido uma luta pela terra. O autor erra ao menos em duas afirmações; primeiro, que a antiga fazenda ocupada por Conselheiro, às margens do rio Vaza-Barris, estava abandonada e não apareceu nem um dono para reclamar a posse da terra; segundo, nenhuma das expedições do exército contra os conselheiristas foi por causa da fazenda em Canudos.
O estopim da primeira expedição contra os conselheiristas foi por causa de um boato. Antônio Conselheiro tinha encomendado, na cidade de Juazeiro, madeira para a construção do telhado da igreja em Canudos, e disse que ele mesmo iria buscar a madeira, então se espalhou o boato de que Antônio Conselheiro iria invadir a cidade de Juazeiro e saquear as lojas por causa da demora da entrega da madeira. Tal boato chegou até o Juiz de Juazeiro, e esse telegrafou ao governo da Bahia pedindo enérgicas providências.
O governador da Bahia, contudo, responde que “não podia mover força induzido por simples boatos”. Algum tempo depois, o mesmo Juiz enviou outro telegrama dizendo que o Conselheiro tinha saído de Canudos com cerca de mil homens e que a população de Juazeiro estava com medo da invasão. Após esse outro telegrama, o governo da Bahia resolveu enviar tropas. Assim, a partir de um boato, iniciou-se a primeira expedição contra os conselheiristas.[2]

Antônio Conselheiro condena as invasões de terras


Trecho do manuscrito de Antonio Conselheiro
 do ano de 1895.
“Apontamento dos Preceitos
 da Divina Lei de
Nosso Senhor Jesus Cristo
para a Salvação dos homens.
 Pelo Peregrino Antonio Vicente Mendes Maciel”

Lendo os manuscritos de Antônio Conselheiro, observamos que ele condena as invasões de propriedades, ao contrário do que dizem os esquerdistas. Em seus sermões sobre os 10 mandamentos da lei de Deus, quando Conselheiro comenta o 7º e o 10º mandamentos, podemos ler claramente que ele condena o roubo das propriedades. Citamos, a seguir, trechos desses sermões:
7º Mandamento
“[…] Vejam ainda o que diz Santo Tomás: que o alheio convém que se restitua logo, quando o que tomou injustamente tem bens com que possa fazer. Finalmente não fica escuso o que injustamente possui e tem furtado com usuras, tratos e destratos, tendo fazendas; senão quando restitui: por ser o furto pecado mortal, de sua natureza oposto a virtude e contra a Justiça. Acham-se nela dois agravos, um que se faz a Deus, quebrantando sua santa lei; e outro ao próximo, tirando-lhe sua fazenda. O agravo que se faz a Deus em furtar, perdoa-se por meio da confissão e penitência; o que se faz ao próximo, só se repara com a restituição. E não basta confessar a culpa, se não restituir, podendo: nem se satisfaz só com restituir sem confessar o furto.[…]” [3]
10º Mandamento
“É uma ofensa que comete neste preceito aquele que cobiça as coisas do próximo. A cobiça do alheio, diz São Paulo, é a raiz de todos os males. Se bem considerasse a criatura estas expressões, certamente não cobiçaria a mínima coisa do próximo. É certo que cada um deve conformar-se com o seu estado; se vive oprimido do peso da indigência, deve sofrer pacientemente. A felicidade do homem consiste em conformar-se com a vontade de Deus. E quanto a inveja vejam o que sucedeu a Caim, que pela inveja matou a seu irmão Abel e Deus permitiu que ele desesperasse. Datan e Abirão tiveram inveja a Moisés e a terra os tragou vivos. Os judeus tiveram inveja a Jesus Cristo. Bem pode à vista destas verdades a criatura conformar-se com a sua estrela, por mais desprezível que ela seja aos olhos mas morrerão impenitentes do mundo. […]”[4] – os destaques são nossos.

* * *

Depois de ler os trechos dos sermões de Antônio Conselheiro, não fica dúvida de que ele era claramente contra as invasões de terras, a Reforma Agrária e contra o comunismo em suas variadas formas.

Referências:
[2] Ataliba Nogueira, António Conselheiro e Canudos, p. 16
[3] Op. Cit., P. 133
[4] Op. Cit., P. 141

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