O remédio que matou o paciente
Por Jurandir Dias
Vemos a todo o momento notícias sobre o caso dos
frigoríficos. Trata-se da operação da Polícia Federal chamada “Carne
Fraca”.
As opiniões se dividem a respeito da maneira como
essa operação foi conduzida e divulgada. Há muitas críticas à PF, e muitos
elogios também.
Para se descobrir o culpado de um crime enigmático – não quero dizer estamos
diante de um crime -, geralmente a primeira pergunta que se impõe é a quem tal
crime interessa. Assim, podemos ter essa pergunta como premissa para o nosso
raciocínio a fim de tirarmos as nossas conclusões a respeito desse fato.
Segundo informações veiculadas pela imprensa, a
investigação começou há dois anos ou mais. Durante esse período, investigaram-se
mais de 2 mil empresas e em menos de 0,5 por cento delas se constatou alguma irregularidade. Diante disso, algumas perguntas fundamentais
se apresentam ao meu espírito:
Primeira pergunta: se o caso era tão grave como noticiam,
por que a polícia não agiu imediatamente, evitando assim que os brasileiros e os importadores
eventualmente se alimentassem de um produto impróprio para o consumo, com sérios riscos para a saúde?
Segunda pergunta: por que não puniram estas
empresas, dentro da lei, antes que se
divulgassem os fatos?
Faz menos de dois anos do Impeachment da Presidente Dilma.
Portanto, as investigações começaram durante o processo de Impeachment. De lá para cá, o Presidente Temer vem sofrendo ataques
de seus adversários. Atualmente, estes ataques se acirraram em virtude da
polêmica Reforma da Previdência. Teria sido este o momento “oportuno” que os
inimigos do Agronegócio encontraram para desfechar-lhe tão duro golpe? Não sei,
não posso afirmar. Estou só pensando com os meus botões.
Continuo a pensar. Pensar não faz mal a ninguém. O que
faz mal é tomar decisões sem pensar. Teria a PF tomado uma decisão sem pensar?
Difícil de acreditar.
Pensada ou não, essa operação desastrada da PF teve as
consequências que estão aí para todo o mundo ver. E “todo o mundo” aqui é
literal, ou seja, o mundo todo mesmo. As importações de carnes do Brasil – que
eram consideradas as melhores do mundo – caíram quase 100 por cento.
Frigoríficos foram fechados e centenas de pessoas desempregadas. O Agronegócio
simplesmente está na bancarrota. Sem considerar a imagem do Brasil no exterior...
A quem interessa tudo isto? Em primeiro lugar, e
mais importante, interessa aos inimigos do Agronegócio, como os movimentos
sociais, o MST e outros, que reivindicam a Reforma Agrária socialista e
confiscatória nos moldes do PT e da esquerda católica, a qual tem tudo de
esquerda e quase nada de católica. Em segundo lugar, interessa aos adversários do Brasil
no exterior.
Assim, a operação “Carne Fraca” agiu como um médico
que tenta curar um paciente que apresenta alguns sintomas de uma doença facilmente
curável, entretanto, aplica-lhe um medicamento forte demais e acaba por matá-lo!