sábado, 22 de julho de 2017

Fatos que a imprensa não quer que você saiba

Fatos que a imprensa não quer que você saiba


Quando um “gato pingado” qualquer do lobby homossexual abre a boca para dizer alguma estupidez ou “novidade” a respeito da ideologia de gênero, as tubas da Revolução ressoam aquilo por todo o mundo como se fosse o fato mais importante do momento. Contudo, essas mesmas tubas silenciam qualquer fato importante em defesa da família e contra a ideologia de gênero. Foi o que constatamos com dois fatos recentes ocorridos em continentes diferentes.

No Panamá, sadia reação popular em defesa da família

O primeiro deles aconteceu no dia 13 de julho na capital panamenha, onde cerca de 100 mil pessoas de diferentes organizações religiosas e da sociedade civil promoveram uma marcha contra a ideologia de gênero e em defesa da família.
Os manifestantes rejeitaram um projeto de lei sobre saúde e educação sexual – Educación Integral de la Sexualidad (EIS) – e exigiram do governo e dos políticos respeito aos valores morais e à Constituição, segundo os quais o casamento só é válido entre homem e mulher. Também pediram a condenação dos pedófilos.
A marcha teve início na Igreja do Carmo e seguiu até o Parlamento, na Praça 5 de Maio, um trecho de três quilômetros. Os participantes vestiam camisas brancas e portavam cartazes com mensagens contra a ideologia de gênero. Alguns diziam: “No queremos ideologías extranjeras”.
Segundo informou a Alianza Panameña por la Vida y la Familia, as EIS “estão impregnadas da ideologia de gênero” e “são encorajadas e aconselhadas pelo UNFPA”, a agência da ONU conhecida por difundir o uso de contraceptivos e o aborto.
Na ocasião, o Presidente da Assembleia Nacional, Rubén de León Sánchez, recebeu uma delegação das organizações pró-vida, pró-família e da Igreja Católica, e anunciou que devolveu o projeto para ser discutido novamente.
Em um comunicado à imprensa, a Aliança do Panamá para a Vida e a Família instou o Estado a garantir “o direito dos pais a participar, escolher, aprovar, apresentar e definir propostas em relação à educação na sexualidade que é ensinada aos seus filhos menores”,assim como “objetar para qualquer tipo de educação sobre sexualidade que seja  contrária  à lei natural, a seus valores ou princípios éticos, morais, espirituais e /ou religiosos (…)” [i]

Prefeito italiano proíbe ideologia de gênero nas escolas

O outro fato silenciado pelas tubas da Revolução aconteceu na Itália.
O site “Infovaticana” informou no dia 11 de julho que o prefeito recém-eleito da cidade de Verona retirou dos colégios o material de doutrinamento LGBT. Diz o site: “Seu nome é Frederico Sboarina (foto ao lado), um dos poucos políticos que se atreveu a levantar-se contra o lobby LGBT, de onde se pretende introduzir os postulados de uma ideologia de gênero nas escolas a  fim de doutrinar as crianças.”[ii]
Em sua campanha eleitoral, Sboarina defendia a oposição à difusão da ideologia de gênero nas escolas, mediante propostas educativas desenvolvidas em colaboração com as associações de família, com a finalidade de promover o respeito à dignidade masculina e feminina sem menosprezar suas valiosas diferenças naturais”.
Exigia ainda a “retirada das bibliotecas, das escolas municipais, inclusive de orfanatos, dos livros que promovem a equiparação da família natural com as uniões do mesmo sexo e interrupção das iniciativas que promovam indiretamente o mesmo objetivo”. Entre os livros recolhidos pelo prefeito de Verona, se encontra, por exemplo, o célebre Con tango son tres (capa ao lado),  que conta a história de dois pinguins machos que cuidam juntos de um ovo e formam “uma família”.
As destemidas e oportunas atitudes de Frederico Sboarina têm provocado forte reação do movimento homossexual. Organizações como a Associação Italiana de Editores e a International Publishers Association pediram ao prefeito que reconsidere a sua decisão. Arcigay, uma das principais organizações LGBT da Itália, atacou Sboarina por ter permitido uma “fogueira de livros”, ao passo que os defensores da medida dizem que a decisão do prefeito é “lutar contra uma campanha bem organizada e subsidiada de imposição ideológica”.

 A falsa liberdade revolucionária

Tais fatos demonstram a existência de uma reação sadia contra essa ideologia demolidora da família tradicional como Deus a instituiu. E quebram assim a aparente unanimidade em torno da Revolução, que por sua vez impõe silêncio sobre eles.
Esta é a tão propalada liberdade de imprensa – a mesma que a Revolução Francesa proclamava, e da qual Madame Roland disse, antes de ser executada: “Liberdade! Quantos crimes se cometem em teu nome.
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[i] https://www.aciprensa.com/noticias/video-panama-marcha-pro-familia-hace-retroceder-ley-de-salud-sexual-y-reproductiva-18467/
[ii] https://infovaticana.com/2017/07/11/alcalde-verona-retira-los-colegios-material-adoctrinamiento-lgtb/

Vídeo da marcha contra a ideologia de gênero e em defesa da família no Panamá

domingo, 9 de julho de 2017

Preocupações concernentes à situação do mundo e da igreja

Preocupações concernentes à situação do mundo e da Igreja*



“Nossa Senhora também disse que Portugal jamais perderia a fé. E eu vejo isso se estendendo também ao Brasil, porque a união entre Portugal e o Brasil é simplesmente muito estreita.”

O Emmo. Cardeal Raymond Leo Burke nasceu no dia 30 de junho de 1948 em Richland Center (Wisconsin, EUA) e cursou o seminário Holy Cross e a Catholic University of America em Washington. Completou seus estudos de Direito Canônico na Universidade Gregoriana de Roma em 1971. Ordenou-se sacerdote quatro anos depois. O Papa João Paulo II nomeou-o bispo de La Crosse em 1994 e arcebispo de St. Louis em 2003. Bento XVI elevou-o ao cardinalato em 2010. Durante cinco anos — até 2015 — ocupou o cargo de Prefeito do Supremo Tribunal da Signatura Apostólica, sendo atualmente Patrono da Ordem Soberana e Militar de Malta. O insigne Purpurado é uma voz proeminente nos ambientes conservadores, especialmente em assuntos atinentes à Igreja, à família e à situação norte-americana. Em sua recente visita ao Brasil, o Cardeal Burke passou pelas capitais do Pará, Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo para lançamento de seu livro O Amor Divino Encarnado – A Sagrada Eucaristia como Sacramento da Caridade [para a reportagem click aqui] —, obra que revela profunda devoção eucarística. Catolicismo obteve uma entrevista exclusiva por meio de nosso colaborador Dr. Mario Navarro da Costa, na sede do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira.

“Fiquei muito impressionado com o entusiasmo das pessoas. Pude constatar que são fiéis católicos muito ardorosos, desejosos de conhecer mais profundamente sua fé e também praticá-la”

Catolicismo — Eminência, muito obrigado por conceder esta entrevista à revista Catolicismo. Poderia dizer a nossos leitores se já conhecia o Brasil, qual o motivo desta visita a algumas cidades brasileiras e sua impressão sobre nosso País? 
Cardeal Burke — Esta é a minha primeira visita ao Brasil e o propósito dela foi apresentar a tradução em português de meu livro sobre a Sagrada Eucaristia, O Amor Divino Encarnado – A Sagrada Eucaristia como Sacramento da Caridade. Então escolhemos quatro cidades maiores nas quais o apresentaríamos. Sei que o País é muito grande e não poderia percorrê-lo todo, mas foi ótima esta primeira vinda aqui, ocasião em que percorri Belém, Brasília, Rio de Janeiro, e, finalmente, São Paulo. Fiquei muito impressionado com o entusiasmo das pessoas que vieram em grande número para a apresentação do livro. Falando com elas, pude constatar que são fiéis católicos muito ardorosos, desejosos de conhecer mais profundamente sua fé e também praticá-la.

“Diante da imagem de Nossa Senhora Aparecida rezei especialmente pelo Brasil, porque estou convencido da importância do País em relação ao mundo inteiro, por causa de sua fé católica

Catolicismo —Neste ano em que comemoramos o 300º aniversário de Nossa Senhora Aparecida, soubemos que Vossa Eminência esteve no Santuário d’Ela. 
Cardeal Burke — Sim, eu pensei: “Eu não poderia vir ao Brasil e não visitar Nossa Senhora Aparecida”. Vindo do Rio de Janeiro para São Paulo, passei por Aparecida do Norte e, claro, o destaque da peregrinação foi rezar diretamente diante da sua imagem. Rezei especialmente pelo Brasil, porque estou convencido da importância do País em relação ao mundo inteiro, por causa de sua fé católica. Além de rezar nessa intenção, pude celebrar a Santa Missa num altar consagrado pelo Papa João Paulo II nas intenções dos católicos brasileiros.

“Creio firmemente que os portugueses têm uma missão muito importante a cumprir no mundo inteiro, em proclamar e ensinar a Mensagem de Fátima. E agora diria o mesmo em relação ao Brasil”

Catolicismo — Em suas viagens Vossa Eminência visita muitas paróquias e grupos católicos. Quais as preocupações gerais que habitualmente os fiéis lhe exprimem a respeito da situação do mundo e da Igreja?
Cardeal Burke — Os fiéis manifestam-se muito preocupados com a situação do mundo cada vez mais laico, com o cruel ataque a vidas humanas inocentes de nascituros indefesos através do aborto, a generalização da prática da eutanásia, e até a negação da liberdade da Igreja de prosseguir com integridade a sua missão. E, mais recentemente, esta enormidade denominada “teoria de gênero”, pela qual as pessoas tão presunçosas pensam poder redefinir nossa natureza sexual, que naturalmente se destina a juntar homem e mulher em uma vida inteira de fiel união, à qual Deus concede o dom da vida humana. Com a introdução dessa terrível teoria, nossa natureza sexual será reduzida a uma espécie de avenida de luxúria e de graves atos imorais.
Todos esses fiéis veem isso, que constitui escândalo para eles, fonte de profundas angústias, porque veem seus filhos e netos crescendo nesse mundo, causa de não pequenas preocupações, pois ficam sem saber se permanecerão fiéis a Nosso Senhor ou se vão cair nessa grande infelicidade da vida de pecado. Sobretudo em nossos dias, em que tanta confusão penetra até na própria Igreja. Por exemplo, está acontecendo toda essa confusão sobre atos intrinsecamente maus quanto à possibilidade de se receber a Sagrada Comunhão sem se confessar, apesar de a pessoa se encontrar em pecado mortal.
Todas essas questões fundamentais estão sendo postas em dúvida e causam, é claro, grande angústia nas pessoas. Tenho viajado bastante, limito-me a apresentar o ensinamento básico da Igreja e as pessoas ficam gratas ao ouvi-lo. Eu sempre lhes digo: “Nada tenho de novo a lhes oferecer, o que tenho a lhes oferecer é o que continua sempre novo, ou seja, as verdades de nossa Fé”.

“Está se dando toda essa confusão sobre atos intrinsecamente maus quanto à possibilidade de se receber a Sagrada Comunhão sem se confessar, apesar de a pessoa continuar em pecado mortal”

Catolicismo — A viagem de Vossa Eminência ao Brasil está se dando no centenário das aparições e da Mensagem de Fátima, das quais os brasileiros sentem-se muito próximos — não somente pelos laços históricos e psicológicos que os unem a Portugal, mas também porque nosso povo nutre grande devoção por Nossa Senhora. E agora também, devido ao milagre que permitiu a canonização dos bem-aventurados Francisco e Jacinta Marto, com a cura de um menino brasileiro. Vossa Eminência julga que as revelações de Fátima se referem somente ao século XX, ou elas têm atualidade para os católicos de hoje? 
Cardeal Burke — Elas são absolutamente relevantes para os dias de hoje, porque estão no centro da luta fundamental à qual Nossa Senhora se refere em sua mensagem: luta da fé, luta da Igreja contra as forças do mal, contra as forças do secularismo, do ateísmo, do relativismo, que nada mais fizeram senão continuar ao longo das décadas — agora faz um século — das aparições. Por ocasião deste centenário, fui estudar de novo toda a história das aparições e da mensagem, e as julgo mais oportunas do que nunca, as julgo de grande importância. Sobretudo na presente crise na Igreja, em que parece haver uma confusão e uma divisão se estabelecendo, o apelo de Nossa Senhora é para mantermos a fé na sua integridade, rezar, em especial o Santo Rosário, amar e participar da santa Eucaristia, particularmente nos primeiros sábados do mês, para nos fortificarmos e permanecermos próximos de Nosso Senhor nestes tempos muito terríveis. Nossa Senhora também disse que Portugal jamais perderia a Fé. E eu vejo isso se estendendo também ao Brasil, porque a união entre Portugal e o Brasil é simplesmente muito estreita. Em uma recente apresentação que fiz para o Rome Life Forum, eu disse crer firmemente que os portugueses, e especialmente os bispos portugueses, têm uma missão muito importante a cumprir no mundo inteiro, em proclamar e ensinar a Mensagem de Fátima. E agora diria o mesmo em relação ao Brasil.

“Julgo [as aparições de Fátima] mais oportunas do que nunca, de grande importância — sobretudo na presente crise na Igreja, em que parece haver uma confusão e uma divisão se estabelecendo”
Catolicismo — Numa carta ao Cardeal Carlo Cafarra, a Irmã Lúcia afirmou: “A batalha final entre o Senhor e o reino do demônio será sobre o matrimônio e a família”. E que é para não temer,“porque Nossa Senhora já esmagou a cabeça de demônio”. Vossa Eminência confirma essa apreciação? Em caso positivo, a propósito de que assuntos a batalha é atualmente mais forte, e como os fiéis poderão ser bons soldados de Cristo? 
Cardeal Burke — Eu acho que a luta continua sendo em grande parte a batalha pelo matrimônio e pela família. E julgo que a Irmã Lúcia, ao escrever ao então padre Carlo Caffarra — agora Cardeal —, ela disse para não perder a esperança. Mas ela não afirmou que a luta havia acabado! Em outras palavras, sabemos que a vitória será o triunfo do Coração Imaculado de Nossa Senhora, o triunfo de Nosso Senhor, mas penso que ainda virão muitos sofrimentos. Por exemplo, a “teoria de gênero”, que agora está se tornando tão disseminada nos Estados Unidos. Eles impõem isso no currículo das escolas, de modo que as crianças de muito tenra idade estão aprendendo que podem mudar o seu gênero. Essas coisas são simplesmente inimagináveis! Então eu penso que a batalha pelo matrimônio e pela família continua. Precisamos ter essa esperança que a Irmã Lúcia nos encoraja a ter, mas ao mesmo tempo saber que há uma luta na qual nos sentimos engajados.

“Nossa Senhora também disse que Portugal jamais perderia a Fé. E eu vejo isso se estendendo também ao Brasil, porque a união entre Portugal e o Brasil é simplesmente muito estreita.”

Catolicismo — Vossa Eminência julga que no mundo atual é importante para os católicos a Sagrada Escravidão a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Grignion de Montfort? Em caso afirmativo, por que razões?
Cardeal Burke — Tornamo-nos escravos de Nossa Senhora para sermos discípulos fiéis de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nossa Senhora pertenceu a Nosso Senhor completa e totalmente desde o primeiro instante da concepção. Ela foi preservada de toda mancha do pecado original. Ela concebeu Nosso Senhor sob a sombra do Espírito Santo e O trouxe ao mundo sob o seu Imaculado Coração. Ela foi a primeira e melhor discípula d’Ele. O coração d’Ela foi misticamente transpassado ao pé da cruz pela lança do soldado romano que feriu o Sagrado Coração de Jesus. E Nossa Senhora nos ensina a ser totalmente de Nosso Senhor. Suas últimas palavras registradas no Evangelho foram nas Bodas de Caná, quando Ela disse ao mordomo do vinho para fazer tudo o que Ele lhe mandasse. Assim, queremos ser completamente um só coração com a nossa bem-aventurada Mãe, ser escravos no melhor sentido da palavra, pois damos a Ela todo o nosso coração. Porque com Ela podemos dar todo nosso o coração ao Sagrado Coração de Jesus.
*Entrevista publicada na revista “Catolicismo”, nº 799, Julho/2017

terça-feira, 4 de julho de 2017

Ideologia de gênero, família e igualitarismo

Ideologia de gênero, família e igualitarismo



A Revolução – com “R” maiúsculo – é um processo multissecular que tem por objetivo a destruição da civilização cristã. Ela teve início no final da Idade Média e sua causa profunda é uma explosão de orgulho e sensualidade, como está magistralmente descrito no livro Revolução e Contra-Revolução, do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.
A sensualidade avançou de maneira sutil, quase imperceptível, durante muito tempo, até desembocar no desbragamento moral de nossos dias, com o amor livre, as uniões homossexuais, o aborto, as modas e os costumes imorais.
“O orgulhoso – afirma o Prof. Plinio – odeia genericamente todas as autoridades e todos os jugos, e mais ainda o próprio princípio de autoridade, considerado em abstratoE porque odeia toda autoridade, odeia também toda superioridade, de qualquer ordem que seja. E nisto tudo há um verdadeiro ódio a Deus”.
Lutero, Robespierre e Che Guevara: três faces da Revolução. “A explosão protestante do sécula XVI, A Revolução Francesa e a Revolução comunista constituem como que as três fases de um imenso movimento, uno pelo espírito, pelos objetivos e até pelos métodos”. Plínio Corrêa de Oliveira
O orgulho gerou o protestantismo – revolta contra a autoridade papal –, denominado pelo Prof. Plinio de I Revolução. Em 1789 eclodiu a Revolução Francesa – II Revolução –, simétrica à primeira. Ela transpôs para o campo civil os mesmos erros do protestantismo, ou seja, revolta contra a monarquia e a aristocracia e exaltação da democracia como a única forma legítima de governo. No início do século XX tivemos a III Revolução – o comunismo –, que foi a revolta do proletariado contra a burguesia, pois uma vez abatidas na sociedade ocidental e cristã as desigualdades religiosas e civis pelas duas primeiras revoluções, não restara senão a desigualdade de fortunas.

A Revolução odeia a família

A Revolução quer a “abolição dos corpos intermediários entre os indivíduos e o Estado, bem como dos privilégios que são elementos inerentes a cada corpo social. Por mais que a Revolução odeie o absolutismo régio, odeia mais ainda os corpos intermediários e a monarquia orgânica medieval. (…) Entre os grupos intermediários a serem abolidos, ocupa o primeiro lugar a família. Enquanto não consegue extingui-la, a Revolução procura reduzi-la, mutilá-la e vilipendiá-la de todos os modos[i] (grifo nosso).
Como a família ocupa o primeiro lugar dos grupos intermediários a serem destruídos pela Revolução, compreendemos todo o seu esforço para a implantação da ideologia de gênero.
Neste sentido, uma declaração da Suprema Corte do México, em 2015,  deixou transparecer toda a agressividade e fúria dessa ideologia em seu método para destruir a família.
Segundo o site LifeSiteNews de  15 de junho de 2015, o Supremo Tribunal de Justiça do México declarou inconstitucional qualquer lei que reconheça o casamento apenas como entre um homem e uma mulher: “Qualquer lei estadual que considere que o propósito do casamento é procriação e/ou que o define como sendo celebrado entre um homem e uma mulher, é inconstitucional”, diz a declaração.
De acordo com as decisões daquela Corte, é “discriminatório” vincular “os requisitos do casamento às preferências sexuais”, pois isso “exclui injustificadamente os casais homossexuais – que estão em condições semelhantes aos casais heterossexuais – do casamento”.

A reação da Igreja


O bispo de Nuevo Laredo, Dom Gustavo Rodríguez Vega (foto ao lado), reagiu energicamente a essa declaração, e juntamente com o clero de sua diocese, emitiu uma nota assegurando que preferia ir à prisão a ser obrigado a celebrar as uniões homossexuais.
“Eles não podem exigir que uma instituição como essa seja contrária aos seus princípios”, afirma a nota, que foi divulgada em noticiários locais e nacionais. “Deixe a Suprema Corte enviar os bispos e os sacerdotes para a prisão, quem quiser, mas a Igreja não pode ir contra a Lei de Nosso Senhor Jesus Cristo”, dizia a nota.
E continua: “Nós sabemos que podemos ir à prisão, se alguns casais decidirem se casar civilmente, mas não vamos dar a bênção. Esta lei não pode obrigar a Igreja, a qual não pode ir contra seus princípios e, de fato, os únicos que virão para a Igreja serão aqueles que compartilham os nossos princípios.
O clero da diocese afirmou que sua posição é “baseada em razões científicas, antropológicas, sociais e religiosas”, as quais provam que o casamento é entre “um homem e uma mulher”. Ainda segundo a nota, a decisão da Suprema Corte de criar um “casamento” homossexual é uma “separação das águas, e o mundo inteiro não vai concordar e a Igreja não está de acordo com esta definição”.

Perseguição religiosa

Temos inúmeros outros casos de implantação draconiana da ideologia de gênero no Ocidente. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma cartorária de Morehead, no estado de Kentucky, foi presa por se recusar a lavrar uma escritura de “união” entre duas pessoas do mesmo sexo.[ii] Ainda nesse país, os donos de uma confeitaria tiveram que pagar uma exorbitante multa por se recusarem a fazer um bolo para festa de “união” entre duas lésbicas.[iii] Ambos os casos invocaram princípios religiosos para as suas recusas.
Também por motivos religiosos, um casal foi preso na Alemanha porque a filha não participou de aulas de educação sexual. Por sua vez, na Noruega, um casal teve seus cinco filhos sequestrados pelo Estado por “excesso de doutrinação cristã”, como alegaram os agentes do governo daquele país.[iv]
Assim, a ideologia de gênero está sendo draconianamente imposta através de decisões da Suprema Corte de cada país, sem base nas respectivas legislações. É, aliás, o único modo de impingi-la à população, que rejeitaria em bloco qualquer tentativa nesse sentido que partisse do Parlamento, cujos membros são eleitos pelo voto popular. Os juízes, pelo contrário, não precisam desse voto e, como declarou com cinismo um magistrado brasileiro, não devem satisfação ao público. Trata-se de uma verdadeira ditatura judicial.

Apogeu e crise do comunismo

A destruição da família, como deseja a ideologia de gênero, é propriamente a consequência natural do processo revolucionário. Para entendê-lo, cumpre analisar como esse processo continua, apesar da decadência do comunismo. Decadência que seria na aparência uma vitória da civilização cristã. Mas, infelizmente, não é o que está acontecendo. Vejamos:
A Revolução caminha de etapa em etapa. Assim, a III Revolução gerou a IV, que vai nascendo. “Nascendo, sim, à maneira de requinte matricida. Quando a II Revolução nasceu, requintou, venceu e golpeou de morte a primeira. O mesmo ocorreu quando, por processo análogo, a III Revolução brotou da segunda. Tudo indica ter chegado agora para a III Revolução o momento, ao mesmo tempo pinacular e fatal, em que ela gera a IV Revolução, e por esta se expõe a ser morta.” – comenta Dr. Plínio.[v]

Ideologia de gênero e tribalismo

A derrocada do comunismo – III Revolução –, vítima da própria hipertrofia do Estado totalitário, “vai dando origem a um estado de coisas cientifista e cooperativista, no qual – dizem os comunistas – o homem terá alcançado em grau de liberdade, de igualdade e de fraternidade até aqui insuspeitável”.
Gurus de Woodstock
Consequentemente, teríamos uma sociedade tribal. A revolução hippie da Sorbonne, em maio de l968, e o festival de Woodstock, nos Estados Unidos, em agosto de 1969, são exemplos desse tipo de sociedade, com a explosão da sensualidade, do amor libre e das drogas.
Na sociedade tribal o homem já não pensa, e a coesão dos membros é assegurada por um pensar e sentir do qual decorrem hábitos comuns e um comum querer. O pensamento humano será reduzido a nada “com o ‘Pensamento selvagem’, um pensamento que não pensa, mas que se volta apenas para o concreto”, dirigido por um “guru”, como acontece, por exemplo, com a moda que é ditada por um personagem carismático e misterioso. Muitos seguem a moda de uma forma irracional, sem saber de onde ela partiu e por que a seguem.
A consequência disso pode ser “uma sociedade coletivista tribal, onde ao pajé incumbe manter, num plano místico, esta vida psíquica coletiva, por meio de cultos totêmicos carregados de    ‘mensagens’ confusas, mas ricas dos fogos fátuos ou até mesmo das fulgurações provenientes dos misteriosos mundos da transpsicologia ou da parapsicologia. É pela aquisição dessas ‘riquezas’ que o homem compensaria a atrofia da razão.”[vi]
Compreende-se, pois, que numa sociedade assim não haverá família. O igualitarismo terá atingido o seu ápice, desaparecendo todas as desigualdades, até mesmo entre os sexos. A ideologia de gênero, neste sentido, parece ser a ponta-de-lança da Revolução.
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[i] RCR – Parte I, Capitulo I, 3A
[ii]https://ipco.org.br/ipco/kim-davis-presa-obedecer-lei-deus/
[iii] https://ipco.org.br/ipco/a-intolerancia-dos-tolerantes/#.WVcLXojyvIU
[iv] https://ipco.org.br/ipco/a-ideologia-de-genero-e-contra-os-termos-pai-e-mae/
[v] RCR – Parte III, Capítulo III -A Quarta Revolução que nasce
[vi] RCR – Parte III, Capítulo IV Revolução e tribalismo: uma eventualidade