domingo, 8 de outubro de 2017

O que diria Pio XII sobre “artes” blasfemas?

O que diria Pio XII sobre “artes” blasfemas?


Por Jurandir Dias

           
Dante diz na Divina Comédia que as obras dos homens são netas de Deus, porque realizadas por filhos de Deus.[1] Poderíamos então dizer o mesmo em relação ao demônio, de quem as apresentações do Queermuseu em Porto Alegre, da peça blasfema “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu” e de muitas outras podem ser consideradas netas, pois foi ele que as inspirou aos seus realizadores com o objetivo de ofender a Deus.

            Se arte “é a reta razão de fazer algumas obras” e a beleza é o reflexo de Deus, pois “o ser de todas as coisas deriva da Beleza divina”, como define Santo Tomás de Aquino, a blasfêmia não pode ser considerada arte.[2]

            “Santo Tomás define o belo como sendo o que agrada ver (pulchrum es id quod visum placet) ou o que agrada pelo conhecimento”. A beleza é o que causa satisfação aos sentidos. O ouvido se deleita com uma bela música e a vista com uma bela pintura, por exemplo. Mas a acessibilidade ao belo através dos sentidos só é possível porque estes estão penetrados pela razão.[3]

            Em seu célebre ensaio Revolução e Contra-Revolução, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira escreve que “Deus estabeleceu misteriosas e admiráveis relações entre certas formas, cores, sons, perfumes e sabores e certos estados de alma, é claro que por estes meios se podem influenciar a fundo as mentalidades e induzir pessoas, famílias e povos à formação de um estado de espírito profundamente revolucionário. Basta lembrar a analogia entre o espírito da Revolução Francesa e as modas que durante ela surgiram. Ou entre as efervescências revolucionárias de hoje e as presentes extravagâncias das modas e das escolas artísticas ditas avançadas”.[4]
            Ao defender a exposição blasfema de Porto Alegre, diz Alexandre Karnal: Arte em si não tem utilidade. Arte é um diálogo total com a subjetividade humana, ou seja, arte é aquilo que eu consigo ser humano, expressar todas as capacidades da criação humana chocando, embelezando ou até atacando valores. Arte me desinstala, me tira de onde eu estou, foge do senso comum.”  [5]

            Em entrevista ao jornal Nexo, o filósofo Renato Janine critica a sadia reação das pessoas que se manifestaram contra a exposição nudista no Museu de Arte de São Paulo, classificando-a como resultado da ignorância do povo: “Está em jogo a ignorância. As pessoas nem procuram se informar do que se trata e já reagem. As que invadiram o MAM provavelmente defendem a autoridade dos pais sobre os filhos. No caso, a criança estava acompanhada da mãe, havia avisos [do museu sobre o conteúdo], a mãe autorizou que a criança tocasse na perna do artista. (...) Elas simplesmente têm uma reação ideológica, de ódio. Isso é muito preocupante porque estão fazendo a ignorância e intransigência delas prevalecer sobre a complexidade das coisas.”[6]  Ora, se a criança que passou a mão sobre o corpo nu do “artista “ estava acompanha da mãe, torna o fato ainda mais grave.

            O filósofo inglês Roger Scruton, por sua vez, observa que “se uma obra de arte não é nada mais que uma ideia, qualquer um pode ser um artista e qualquer objeto pode ser uma obra de arte. Não há mais necessidade de habilidade, gosto ou criatividade.
            “Então, a arte de hoje nos mostra o mundo como ele é, o aqui e agora com todas suas imperfeições; mas o resultado realmente é arte? Certamente uma coisa não é uma obra de arte somente porque mostra um pedaço da realidade (a feiura incluída) e se autointitula ‘arte’. A arte precisa de criatividade, (…) ela é um chamado para que os outros vejam o mundo como o artista o vê”. [7]
            Pio XII condenou todo tipo de arte que “falta gravemente à ordem moral” e também aqueles que a divulgam sob o pretexto de que tal arte tem “valor artístico e técnico”:

Cristo entrega as chaves a São Pedro
 e o institui fundamento único da Igreja
“A Igreja, que protege e apoia o desenvolvimento de todos os verdadeiros valores espirituais — tanto as ciências quanto as artes A têm tido como Patrona e Mãe — não pode permitir que se atente contra os valores que ordenam o homem para Deus, seu fim último. Ninguém deve, pois, surpreender-se de que nesta matéria que requer, também, muita prudência, Ela tome uma atitude de vigilância, conforme a recomendação do Apóstolo: "Provai todas as coisas; retende o que é bom; abstende-vos de toda aparência de mal" (1 Tess. 5, 21-22).

“É necessário, portanto, condenar os que ousam afirmar que determinada forma de difusão pode ser explorada, valorizada e exaltada, mesmo se falta gravemente à ordem moral, contanto que tenha valor artístico e técnico. É verdade que a arte — como relembramos por ocasião do V Centenário da morte do Angélico —, para ser tal, não precisa necessariamente cumprir uma missão ética ou religiosa explicita. Mas se a linguagem artística se adaptasse, nas palavras e cadências, a espíritos falsos, vazios e perturbados, isto é, se, desviando-se dos desígnios do Criador, em vez de elevar o espírito e o coração a nobres sentimentos excitasse as paixões mais vulgares, ela encontraria via de regra uma acolhida favorável, mesmo que fosse apenas em virtude da novidade, que nem sempre é um valor, e da tênue parte de real que toda linguagem contém. Tal arte, todavia, se degradaria, renunciando a seu aspecto primordial e essencial, e não seria universal e eterna como o espírito humano a quem se dirige". — (Encíclica Miranda Prorsus, sobre o Cinema, o Rádio e a Televisão, de 8-IX-1957). ("Catolicismo", nº 92, agosto de 1958)[8]

Na época de Pio XII, entretanto, os revolucionários ainda não tinham ousado a usar a arte para blasfemar contra Nosso Senhor Jesus Cristo, Nossa Senhora, a Eucaristia etc. O que diria esse Papa se vivesse em nossos dias? O que diria ele também do silêncio desconcertante da Hierarquia católica diante de tais fatos?



[1] ALIGHIERI, Dante. Divina Comédia. Inferno, Canto XI, v.105.
[3] Jolivet, Régis. Tratado de filosofia III. Metafísica. Rio de Janeiro: Agir, 1965, p.259 
[4] Plinio Corrêa de Oliveira, “Revolução e Contra-Revolução”, cap. 10 – 2.
[5] https://www.youtube.com/watch?v=6WuRmUBsRDI

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