segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Doutrina e arte: um nexo que a Revolução entende


Doutrina e arte:
um nexo que a Revolução entende

Jurandir Dias


Diz um adágio chinês que a educação de uma criança começa cem anos antes de ela nascer. Entende-se perfeitamente tal princípio quando observamos o estágio atual de decadência da sociedade nos costumes, na música, na arte etc. Isto é como um aprendizado às avessas que se adquire durante séculos.

Foi assim que a decadência da Idade Média deu origem à Renascença, ao Iluminismo, à Revolução Francesa e ao Comunismo, conduzindo-nos aos disparates de hoje, das modas com os trajes esfarrapados, da música com o funk – que reflete uma juventude sem princípios morais –, de uma sexualidade livre e sem freios, e de muitos outros aspectos da sociedade atual. Parece que voltamos à era das cavernas, do homem primitivo.

Tudo isso é um processo multissecular que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira chamou de Revolução – com R maiúsculo – no ensaio Revolução e Contra-Revolução. E para chegar onde estamos a Revolução utilizou diversos meios. Entre eles a arte.

O papel da arte nas ideias tem também despertado a atenção de alguns filósofos e estudiosos modernos. O filósofo inglês, Roger Scruton, num noticiário veiculado pela BBC de Londres no dia 28/11/2009, demonstrou que o mundo vem perdendo o senso ético e estético da beleza, e passou a prestar um culto à feiura e, em consequência disso, tornou-se um deserto espiritual.[i]

Em recente entrevista ao Canal “Terça Livre”, o Prof. Carlos Nougué descreve a importância do belo nas artes, como ela exerce influência nas ideias e nas tendências, e como a Revolução utiliza a arte para propagar as suas doutrinas. Assim, diz o professor tomista:


A Revolução entendeu que antes de impor-se socialmente é preciso revolucionar as artes, ou seja, a Revolução entendeu que sem uma mudança da mentalidade, sem uma mudança de sensibilidade, as revoluções se tornam impossíveis por si. E hoje, não é senão isso que vemos, por exemplo, quando se fazem mostras como aquela do Santander. Aquilo é a destruição da sensibilidade e da inteligência humana, da capacidade de apreciar o belo verdadeiramente. É a destruição em ordem a preparar as almas para a Revolução. Não é nada mais do que isto!
“As artes do belo, se elas são boas, visam a propender o homem ao bom e ao verdadeiro, ao bem e à verdade. Ora, a arte revolucionária faz o homem propender ao mal e ao falso, ao mal e à falsidade...

“O que é o belo? Já ninguém sabe o que é o belo. Se eu perguntar às pessoas hoje,  contemporâneas minhas, cada uma me responderá uma coisa e, no entanto,  o belo é algo objetivo. Pois bem, aquela arte que faz o homem propender à falsidade e à maldade não é arte de modo algum.

“As três notas da beleza são: integridade, harmonia e luminosidade (claridade, fulgor). Tomemos, para simplificar o assunto, a nota número dois: a harmonia. Então a boa música, o bom filme, a boa peça teatral, elas são harmônicas, são consonantes e se reduzem a certa proporção. Ora, como as nossas virtudes intelectuais são proporções, essas peças artísticas boas, elas por serem proporções são análogas às nossas virtudes. Por serem análogas às nossas virtudes é que fazem com que nós propendamos a essas virtudes. A arte feia tem analogia com o vício, e não com a virtude. Se eu desde pequeno amo o feio na arte, eu vou tender ao vício, à paixão, ao falso, ao mal. É uma tendência. Naturalmente, alguns escapam a isso, mas a maioria das pessoas tenderá ao mal e ao falso se aprenderam a apreciar as más artes.”[ii]

Na seção “Ambientes, Costumes e Civilizações” da revista “Catolicismo” nº 35, novembro de 1953, há um nexo entre doutrina e arte que os comunistas entendem, afirma o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:

“Quando morreu Stalin, o pintor comunista Picasso fez dele o retrato que ao lado reproduzimos. ‘L'Humanité’, órgão vermelho de Paris, publicou o trabalho. Moscou, entretanto, o condenou porque segundo os cânones da arte comunista, um retrato deve tanto quanto possível parecer-se com uma fotografia, evitando interpretações pessoais do artista. Estas interpretações exprimem uma mentalidade subjetivista e individualista, incompatível com o coletivismo socialista.
De fato, o rosto de Stalin, visto por Picasso, tem muito de subjetivo. Mais real é a fotografia que dele se tirou em Teerã em 1943, ao lado de Roosevelt: dir-se-ia um porteiro de hotel endomingado em seu uniforme novo, ufano em tomar a fresca por uns minutos ao lado de um hóspede distinto, que consentiu em conversar um pouco com ele.

“Os comunistas compreendem que um vasto sistema de ideias filosóficas, sociais e econômicas tem de dar necessariamente à arte um cunho próprio, que será bom ou mau conforme seja verdadeiro ou falso o sistema. E que o coletivismo tem de produzir em arte uma atitude peculiar. Em ‘Ambientes, Costumes, Civilizações’ temos procurado pôr em evidência o mesmo princípio com relação ao Catolicismo. Nossa arte não pode ser a do comunismo, nem a do neopaganismo ocidental, pelo simples fato de que somos católicos. E, contudo esta secção encontra, ao par de tantos aplausos, tanta relutância oposta por espíritos deformados pelo liberalismo. Sirva-lhes pelo menos de lição a coerência de nossos adversários.”[iii]



[i] https://ipco.org.br/53582-2/
[ii] Entrevista com o Prof. Carlos A. Nougué, “Terça Livre” 17/02/2018

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Discutindo sobre Ideologia de Gênero


Discutindo sobre Ideologia de Gênero

Autor: Paulo Henrique Américo de Araújo

Era uma sexta-feira. À distância já se percebia a feição mal-humorada da professora. Com passo apressado e decidido, vinha ela percorrendo os corredores daquele colégio de ensino médio, num subúrbio da cidade. Segurava na mão direita um pequeno folheto impresso, que agitava com movimentos convulsivos. Dois alunos observavam a cena, e já previam que a professora caminharia até eles, que tinham distribuído na escola uma centena daqueles folhetos. Tratava-se de um pequeno manifesto contra a Ideologia de Gênero nas escolas, publicado pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira(1). Bastante conciso, o impresso fornecia argumentos rápidos e diretos, e ao final remetia o leitor a uma petição ao Presidente da República, repudiando tal ideologia.

Um dos jovens comentou, enquanto ela se aproximava:

— Acho que ela não gostou.

Márcia, a professora, conhecia os dois rapazes e foi direto ao ponto:

— Davi e Leonardo, eu peguei este “folhetinho” de vocês na sala dos professores. Ele não é científico. Só traz argumentos religiosos, não tem valor acadêmico!
Após pequena pausa, e vendo que os estudantes não replicavam, embora demonstrassem surpresa, ela prosseguiu, reprimindo um tanto o nervosismo do primeiro momento:

— Olhem... se eu soubesse que meu filho de seis anos optou por ser uma menina, não haveria problema nenhum para mim. Eu apoiaria. Além disso, seu folheto é muito radical, vocês precisam respeitar os outros.

— Profa. Márcia...

Leonardo tentara replicar, mas a atitude impositiva da outra não lhe deixava margem para prosseguir, enquanto ela se expandia em tom taxativo:

— O que vocês estão fazendo não adianta nada! A Ideologia de Gênero vai entrar de um jeito ou de outro. Quem é contra está perdendo seu tempo! Espero que vocês revejam suas posições. É um conselho para o seu próprio bem. Até logo!

Entregou o folheto a Davi, sem esconder um ar de vitória, e voltou-lhes as costas, seguindo seu caminho. Os jovens ficaram apreensivos, não esperavam uma reação tão ríspida da professora. A veloz sucessão dos argumentos os havia deixado atordoados. O que fazer?

No dia seguinte, sábado, os dois foram participar de um círculo de estudos da Ação Jovem do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, ali mesmo no bairro onde moram. Num encontro anterior, juntamente com estudantes de outros colégios, tinham combinado imprimir e distribuir aquele folheto contra a Ideologia de Gênero. Júlio, o mais veterano dos participantes, após ouvir de Davi e Leonardo um aflitivo relato sobre a “contenda” com a Profa. Márcia, ponderou:

— Amigos, tenham calma. De fato, a professora dispõe de uma autoridade legítima, e é normal exibir o peso da superioridade num caso desses, apesar de ela não ter dado nenhum argumento válido.

— Como assim? Nenhum argumento válido!? — Exclamou Davi.



— Vejam... – retomou Júlio. – O folheto não traz apenas argumentos religiosos, mas também apresenta o que personalidades importantes declararam sobre a falta de base científica para a Ideologia de Gênero. Mas o mais importante são os argumentos religiosos, que levantam um problema de consciência para todas as pessoas. A eficácia dos argumentos é exatamente esta. Eles não são feitos para convencer ateus e antirreligiosos, têm sobretudo o objetivo de fortalecer a posição dos que possuem princípios religiosos.

— Entendo – interrompeu Davi. – Mas ela disse que é preciso respeitar a opinião dos que aceitam o ensino de gênero nas escolas.

Júlio tomou a iniciativa de responder:

— O fato de a professora apoiar a Ideologia de Gênero não significa que todos são obrigados a segui-la. Se é preciso respeitar os outros, pela lógica devem ser também respeitados os pais contrários ao ensino de gênero nas escolas onde estão os seus filhos.

— É verdade!

Leonardo continuou o raciocínio:

— Será que os pais serão “obrigados” a aceitar a Ideologia de Gênero? Impor que as pessoas aceitem algo contrário à razão, à ciência, à religião, isso sim é “radicalismo”!

— Exatamente, Leonardo – replicou Júlio. – Uma ação não se torna justificável quando é apoiada por alguns, ou mesmo por muitos. Equivaleria a dizer que todos somos obrigados a aceitar as drogas, pelo simples fato de várias pessoas as aceitarem!

Davi tinha no fundo da cabeça uma preocupação:

— Júlio, a professora afirmou que a Ideologia de Gênero vai entrar de qualquer jeito, e é perda de tempo trabalhar contra. O que você acha?



— Cuidado, Davi. Essa é exatamente a arma mais eficiente dos que desejam impor ideias revolucionárias. Lançam o desânimo sobre seus opositores, para diminuir neles a reação. Aliás, a feminista e ideóloga Judith Butler [foto ao lado] declarou isso numa recente entrevista(2). Ela acha que o mundo já mudou, portanto não adianta pensar diferente nem se manifestar contra a Ideologia de Gênero. Essa é uma tática que todos eles usam, por isso devemos permanecer bastante atentos, e nunca desanimar.

Leonardo pegou o embalo, e soltou uma frase muito conhecida:

— Eu li num livro a frase de um escritor chamado Edmund Burke: “Para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada!”.

— Se houver oportunidade, exponham esses pontos à professora, mas tratem-na com o devido respeito, por causa da autoridade que ela representa.

O olhar dos dois jovens manifestava alívio e satisfação, depois de ouvirem as explicações do amigo mais experiente. Na segunda-feira, quando voltassem à escola, estariam encorajados a retomar a discussão com a Profa. Márcia...


*       *       * 

Caro leitor, usando de legítimo recurso para um artigo, eu poderia ter inventado a pequena história acima. Mas os fatos, relatados durante uma conversa com os dois estudantes, realmente aconteceram. Apenas modifiquei os nomes dos protagonistas e algumas circunstâncias secundárias, que não alteram sua essência. Os fatos ilustram uma realidade dos colégios em nossa Pátria: a Ideologia de Gênero vai sendo imposta, apesar da rejeição massiva da população.

Desejo e espero que este texto sirva para outros alunos e seus pais continuarem reagindo à malfazeja onda do “gênero”, sem nunca desanimarem(3).
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Notas:
1. O folheto completo pode ser lido em: https://ipco.org.br/wp-content/uploads/2017/10/Ideologia-de-g%C3%AAnero-folheto.pdf
2. Ver declaração de Judith Butler em: http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,justica-social-nao-vira-sem-o-fim-da-discriminacao-de-genero--diz-pesquisadora,1760597
3. Para um aprofundamento do assunto, cfr. livro Ideologia de Gênero, Pe. David Francisquini, ed. Artpress. 2017.

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Ideologia de Gênero nos esportes e homofobia

Ideologia de Gênero nos esportes e homofobia


Por Jurandir Dias

A presença de jogadores transgêneros no meio esportista feminino, especialmente no vôlei, tem causado revolta nas jogadoras. O caso mais recente foi o do transexual Tiffany, do Vôlei Bauru. A jogadora do Nestlé-SP e da seleção brasileira, Tandara,  se opôs à presença do transexual na Superliga Feminina de Vôlei.

 “É um assunto delicado. Muitas atletas se posicionaram e receberam críticas. Eu estava me resguardando, esperando esse jogo, porque sabia que seria questionada. Por isso, estudei, conversei com especialistas, como nosso fisiologista, preparador físico, fisioterapeuta, entre outros, e hoje posso dizer que não concordo com a participação da Tifanny na Superliga Feminina”, declarou Tandara.

Tandara agumenta que Tiffany, por ser do sexo masculino, “tem mais massa muscular, quadril mais fino, o que favorece a impulsão, tem pulmão maior e leva vantagem”.

“Não é homofobia, é fisiologia”


Há uma forte pressão feita pelo lobby homossexual ao classificar de “homofóbica” toda e qualquer pessoa que defenda os valores morais da civilização cristã e se opõe à famigerada Ideologia de Gênero. Neste sentido, Tandara, com receio de ser classificada como homofóbica, declara: “É um assunto delicado e merece estudos. Mas, quero deixar claro que não é homofobia, é fisiologia”.
O site acidifital[i] observa que “outras jogadoras de vôlei já tinham se posicionado contrárias à participação de transexuais em categorias esportivas femininas”.

Prossegue o site: “Em janeiro, a ex-jogadora de vôlei católica Ana Paula Henkel expressou sua ‘preocupação’ diante da ‘total desvirtuação das competições femininas que ocorre atualmente com a aceitação de atletas que nasceram homens, que desenvolveram musculatura, ossos, capacidade pulmonar e cardíaca como homens, em modalidades criadas e formatadas especificamente para mulheres’.

A verdade mais óbvia e respeitada por todos os envolvidos no esporte é a diferença biológica entre homens e mulheres. Se não houvesse, por que estabelecer categorias separadas entre os sexos?”, questionou em uma ‘Carta aberta ao Comitê Olímpico Internacional’, publicada no site do jornal ‘Estadão’.

“Para Ana Paula, o que se assiste atualmente são ‘entidades esportivas fechando os olhos para a biologia humana na tentativa de ludibriar a ciência em nome de agendas político-ideológicas’”. (Os grifos são nossos)

Homofobia não existe


A palavra “homofobia” é um termo chavão que os propulsores da Ideologia de Gênero criaram para fazer pressão sobre seus adversários, com forte impacto emocional. Vários países têm criado leis “anti-homofóbicas “ e levado muitas pessoas à prisão com base em tal legislação.

Convém acentuar, entretanto, que “homofobia” não tem base científica. Ela foi criada pelo psicólogo norte americano George Weinberg em 1966, a pedido de uma organização denominada Gay Activist Alliance (GAA). Esse psicólogo publicou em 1972 o livro Society and the Healthy Homosexual, no qual forjou o termo “homofobia”.

Em artigo publicado no site do IPCO em 29 de março de 2011, observa Alejandro Ezcurra: “Em psiquiatria, fobia é uma obsessão sob a forma de temor patológico[ii]. Só ocorre em casos extremos e muito específicos: pode haver fobias, por exemplo, contra o que ameace a saúde ou a integridade de uma pessoa. Mas seria absurdo qualificar de fóbico a quem, por exemplo, evita normalmente aquilo que prejudica sua saúde ou sua integridade física. E muito menos se pode carimbar de “homofóbica” — ou seja, de doentes mentais! — a esmagadora maioria de pessoas que, em países como o Brasil, seguindo princípios de razão natural ancorados na Lei moral e admitidos unanimemente durante milênios por todos os povos civilizados, defendem a saúde do organismo social e desejam proteger a família face à presente ofensiva publicitária e legal de poderosos lobbies homossexuais.[iii]

E conclui: “Até agora ninguém conseguiu demonstrar a existência de tal patologia, nem poderá fazê-lo. Mais fácil será demonstrar que existe o lobisomem ou a sereia… Em suma, o epíteto só procura neutralizar a reação das grandes maiorias e estigmatizar os que se preocupam deveras pelo porvir da Nação e da família, e pela proteção à população infantil.”

Assim, podemos notar que não só a Ideologia de Gênero carece de base científica, mas também faz uso de meios enganosos para impor-se à sociedade.Trata-se de uma ideologia maquiavélica e demoníaca cujos fins antinaturais “justificam” seus meios com vistas à destruição da família e da civilização cristã.



[i] http://www.acidigital.com/noticias/atletas-se-posicionam-contra-presenca-de-transexual-no-volei-feminino-10625/?utm_source=boletin&utm_medium=email&utm_campaign=noticias_do_dia
[ii] Cfr. Honorio Delgado MD, Curso de Psiquiatría, Lima, Imprenta Santa María, 1953, p. 60
[iii] https://ipco.org.br/confirmado-a-homofobia-nao-existe/#.WnjxlainHIU