O casamento do príncipe Harry e a vulgaridade moderna
Aconteceu no dia 19 do corrente mês de maio o
casamento do príncipe Harry com a atriz americana Meghan Markle. O príncipe é o
sexto na linha sucessória ao trono inglês.
Embora os casamentos dos príncipes ingleses chamem
a atenção não só dos britânicos, mas do mundo inteiro, o casamento de Harry
ficou longe de ter despertado o mesmo interesse que teve o de seus pais, a
princesa Diana e o príncipe Charles. Na ocasião, diziam que aquele foi o
“casamento do século”. O mundo inteiro acompanhou pela televisão o pomposo
evento.
As cerimônias do casamento de Harry, segundo a
imprensa, estavam cheias de quebras de protocolos. Isto é um fato muito grave,
especialmente tratando-se da corte inglesa, que tem especial apreço pela
tradição, pelo cerimonial e pelos protocolos. Contou-se, na época do casamento
da princesa Diana, que pouco antes passou certo tempo no Palácio de Buckingham
para aprender as normas de etiquetas da monarquia inglesa.
A maior quebra de protocolo, entretanto, foi o
próprio casamento de um príncipe sucessor ao trono inglês com uma plebeia
divorciada. Isto demonstra a decadência da monarquia mais tradicional da Europa
e do mundo.
Em entrevista para o site BBC, Dom Bertrand de
Orléans e Bragança (foto ao lado), Príncipe Imperial do Brasil e
segundo na linha de sucessão ao trono brasileiro, explica por que o casamento
do príncipe Harry com a atriz Meghan não despertou o mesmo interesse que os
casamentos anteriores:
“Se o príncipe Harry estivesse se casando com uma
princesa ou uma mulher de família nobre, e não com uma divorciada, a satisfação
dos britânicos seria muito maior e no mundo inteiro a repercussão também seria
muito maior”. E acrescentou: “Todo casamento com
príncipe, sobretudo no Reino Unido, tem repercussão. Sou católico e como
católico não posso ver com bons olhos o casamento de uma divorciada. Isso é
contra os princípios católicos. Nunca poderia aprovar este casamento, sob pena
de não ser coerente com a minha fé.”[1]
Chamou também a atenção a diferença dos vestidos e
dos buquês portados pela princesa Diana Spencer em 29 de julho de 1981, por
Kate Middleton em seu casamento com o príncipe William em 2011, e agora por
Meghan, cujo estilo estava mais voltado para o miserabilismo de nosso século.
Parecia uma noiva qualquer, e não uma eventual futura rainha do trono inglês. O
estilo hollywoodiano e igualitário se sobressaía ao da nobreza e distinção da
família na qual acabava de entrar.
O estilo igualitário aparece ainda na hora de ela
pronunciar os tradicionais votos de casamento“love, cherish and obey” (amar,
cuidar e obedecer). Meghan não pronunciou a palavra “obedecer”, mas apenas
“love and cherish”. Com sua mentalidade feminista, ela se recusa a obedecer ao
marido.
Segundo o site G1, Meghan “defende a
igualdade de direitos entre homens e mulheres e é representante da ONU
Mulheres, braço da Organização das Nações Unidas para a promoção da igualdade
de gênero.”[2]
Meghan não pode sequer ser comparada a uma
aristocrata decadente do século XX, assim descrita numa foto (ao lado) pelo
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: “A aristocracia do século XX está
camuflada. Seu traje [da aristocrata] é, em tudo e por tudo, o de
uma trabalhadora manual. A posição é elegante, e exprime como que
involuntariamente uma distinção que já não ousa afirmar-se plenamente à luz do
dia; uma distinção que, por assim dizer, pede ao transeunte vulgar desculpas de
existir: desculpas tão humildes que, para não chocar demais a distinção, se
vela nos trajes de uma camponesa. Não é bem este, aliás, o sentido da crescente
proletarização das maneiras, do ambiente de vida e dos trajes das elites
‘grã-finas’ em todo o ocidente?”[3]
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[2] https://g1.globo.com/mundo/noticia/como-princesa-diana-meghan-markle-omite-obediencia-de-votos-de-casamento.ghtml